segunda-feira, 15 de maio de 2017

PORTO ALEGRE ANTES DE PORTO ALEGRE

Na calmaria da Praça da Alfândega em meio ao fervo do centro de Porto Alegre, os passantes vêm e vão com olhares distantes e despercebidos, esquecendo-se do que está em volta e da longa trajetória que essa cidade já percorreu até chegar ao que é hoje. Difícil imaginar que tudo que está em volta já foi água.
Reunidos entre os caminhos da Praça, nos colocamos a pensar nessa história. Os indígenas já habitavam este pedaço de terra há muito tempo, mas ainda parecem ser esquecidos inclusive na pesquisa científica, principalmente pelas fortes tradições da história oral que acabam perdidas e não alcançam o meio acadêmico. Pensa-se a história de Porto Alegre a partir das terras cedidas às capitanias; da chegada dos açorianos; do Lago Guaíba, ora beirando a Rua da Praia (como o nome sugere), ora aterrado e cada vez mais afastado; mas sempre um importante porto comercial e porta de entrada da cidade. Mais recentemente, entre 1924 e 1928 durante o governo de Otávio Rocha, o período de modernização e “higienização” da cidade, afastando as populações mais pobres para bairros afastados. 
Mas mais do que focar na trajetória, é importante voltarmos ao início de tudo. É imprescindível dar a voz aos invisíveis que ainda estão ali, sentados nas calçadas com os artesanatos dispostos em meio a multidão que passa e não vê. Não vê que esse lugar é direito deles, dos povos que aprendemos na escola a juntar como um só. Guarani, Caingangue, tantas raízes que merecem um local de fala na história de Porto Alegre.


REFERÊNCIA

SOUZA, C. F. de, DAMASIO, C. P. Os primórdios do urbanismo moderno: Porto Alegre na administração Otávio Rocha. In: Estudos urbanos: Porto Alegre e seu planejamento. 1ª ed, Editora UFRGS, 1993.

[Postagem para a disciplina de Museu, Patrimônio e Cidade referente ao encontro do dia 18/04/2017]