terça-feira, 10 de setembro de 2013

A CASA BRANCA DO CAMINHO DO MEIO

Esta é uma breve resenha crítica do artigo “A Casa Branca: Símbolo de Esforço para a Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre”, da historiadora e especialista em patrimônio cultural em centros urbanos Zilda Emilia Andrades Berger.
A Casa Branca localizava-se no antigo “Caminho do Meio”, atual bairro Jardim Ypu, em Porto Alegre, hoje existindo uma praça em seu lugar. Teve grande importância para a história rio-grandense: seu construtor, Estácio Bittencourt, cedeu a casa para servir de abrigo aos farroupilhas durante a Guerra dos Farrapos. Foi também a residência de Apolinário Porto Alegre no século XIX, intelectual envolvido na Revolução Federalista.
Nas décadas de 1960-1970, a valorização da tradição gaúcha se intensificou através dos Centros de Tradição do Estado, em função das ações preservacionistas que se mobilizavam preocupadas com a questão da preservação da cultura nas cidades brasileiras.  Com a pressão da população e a iniciativa de Leandro Telles e do prefeito Telmo Thompson Flores, os artigos da Lei Orgânica Municipal foram atendidos e foi concedida à Casa Branca o título de “digna de preservação”, mas a propriedade foi demolida por seu último proprietário, um comerciante chamado Marcos Rubim, em 17 de abril de 1972.
Infelizmente, o caso da  Casa Branca não é exceção. Sabemos que “uma lei não é suficiente. Hoje nós constatamos. A preservação dos monumentos antigos é desde logo uma mentalidade.” (CHOAY, 2011, p.115). Na década de 70, quando a casa foi demolida, a preocupação em preservar monumentos de caráter histórico e artístico estava apenas começando no Brasil. Hoje, apesar das leis criadas e das tentativas de conservar os símbolos de nossa história e cultura, ainda são encontradas diversas dificuldades, tanto pela falta de verbas ou pela negligência das autoridades e da população.
A autora propõe no final do artigo a implementação de um painel interpretativo no local da antiga Casa Branca, com ajuda dos moradores na divulgação e captação de recursos de agentes públicos e privados da região, além da manutenção da placa. A intenção é envolver a comunidade no controle e observação do estado de conservação do painel. O parque localizado no local da antiga Casa Branca foi intencionalmente criado para homenageá-la, mas quem não conhece sua história vê uma simples praça de lazer para os moradores locais. Uma ideia válida que movimentaria a comunidade local pela valorização de sua história cultural.


                                    REFERÊNCIA

BERGER, Zilda Emilia Andrades. A Casa Branca: Símbolo de Esforço para a Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre. Revista Eletrônica Mouseion, julho de 2011.